Você não está sozinho. Esses dois nomes vivem aparecendo no noticiário, mas raramente alguém explica do jeito que a gente entende.
Eles parecem complicados, mas têm um impacto direto no seu aluguel, nas contas e até nos preços do mercado. Sim, essas siglas mexem com a nossa vida muito mais do que imaginamos.
Se você já notou que o aluguel aumentou “por causa do IGP-M” ou que “a inflação do mês foi medida pelo IPCA”, tá na hora de entender de verdade o que isso quer dizer.
Então, bora conversar sobre o que são esses índices, de onde vêm, pra que servem e por que eles estão sempre nos jornais?
O que é o IPCA?
IPCA significa Índice de Preços ao Consumidor Amplo. É ele que o governo usa pra medir a inflação oficial do país.
Mas o que é inflação? Basicamente, é o aumento dos preços das coisas que a gente compra — comida, transporte, roupas, energia.
O IPCA acompanha justamente isso: quanto os preços dos produtos e serviços mais consumidos pelas famílias brasileiras estão subindo (ou caindo).
E por que isso importa? Porque é com base nesse índice que o Banco Central toma decisões sobre os juros.
Como o IPCA funciona?
Todo mês, o IBGE coleta os preços em várias cidades e calcula a média. É como se fizesse uma “cesta de compras padrão” e visse se ficou mais cara ou mais barata.
Se o IPCA sobe, significa que o custo de vida aumentou. Se cai, é sinal de que os preços ficaram mais estáveis — o que é raro, mas pode acontecer.
Ele abrange famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, em regiões metropolitanas, e serve como bússola econômica do país.
E não é exagero: decisões importantes do governo, bancos e empresas são baseadas nesse índice. Inclusive, aumentos de salário e reajustes de contratos.
E o que é o IGP-M?
Agora entra o tal do IGP-M, o Índice Geral de Preços – Mercado. Ele é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e muita gente conhece como o “índice do aluguel”.
É que muitos contratos — especialmente de imóveis — usam o IGP-M pra reajustar os valores. Mas o índice vai além disso.
Diferente do IPCA, ele mede a variação de preços em três frentes: atacado, construção civil e varejo. Ou seja, é mais abrangente e mais volátil.
Se os preços de matérias-primas sobem, como soja ou minério de ferro, o IGP-M sente esse impacto primeiro. Por isso, ele costuma oscilar mais.
Diferenças práticas entre IGP-M e IPCA
A principal diferença é o que cada um mede. Enquanto o IPCA foca no consumo das famílias, o IGP-M olha a economia como um todo, desde a produção até o consumidor final.
Outra diferença importante: quem calcula. O IPCA é feito pelo IBGE e tem caráter oficial. O IGP-M é feito pela FGV e tem uso mais livre — normalmente em contratos privados.
Além disso, o IGP-M tende a subir mais em momentos de crise ou alta do dólar, porque considera muitos preços do atacado.
Já o IPCA sobe quando o consumidor sente o aumento diretamente na feira, no mercado, no transporte. É mais sensível ao nosso dia a dia.
E no seu bolso, qual pesa mais?
Depende. Se você mora de aluguel com contrato atrelado ao IGP-M, sabe como dói no fim do ano quando ele dispara.
Por outro lado, o IPCA pesa na hora do reajuste de salários, aposentadorias e benefícios. Ou seja, ele mexe com sua renda.
Enquanto um índice regula o quanto você paga, o outro influencia o quanto você recebe. Parece simples, mas esse jogo de forças afeta muito nossa vida.
E se os dois sobem juntos? Aí temos um cenário inflacionário tenso, que exige medidas do governo e atenção de todo mundo.
Exemplo prático para visualizar melhor
Imagine que, em um ano, o IGP-M suba 15% e o IPCA apenas 5%. Seu aluguel aumenta 15%, mas seu salário só sobe 5%.
Resultado? Você perdeu poder de compra, porque seus custos subiram mais que sua renda. É esse o tipo de distorção que gera tanto debate sobre qual índice usar.
Inclusive, muitos inquilinos já tentaram renegociar contratos por conta disso. E empresas também precisam rever estratégias quando esses índices não andam juntos.
Agora, imagine o contrário: o IPCA dispara e o IGP-M estabiliza. Aí os preços no mercado sobem, mas seu aluguel fica no mesmo valor — um respiro, né?
Afinal, qual é o melhor índice?
Essa é uma daquelas perguntas que dependem do ponto de vista. Para quem empresta dinheiro ou aluga imóveis, o IGP-M pode ser mais atrativo, porque geralmente sobe mais.
Para quem recebe salários, aposentadorias ou benefícios, o IPCA é mais justo, porque reflete melhor o consumo do dia a dia.
O ideal seria que todos os reajustes fossem pensados de forma equilibrada — levando em conta não só o índice, mas também a realidade das pessoas.
Inclusive, em tempos recentes, muitos contratos passaram a adotar o IPCA em vez do IGP-M. Justamente por causa das distorções e impactos no bolso.
Curiosidades rápidas (que fazem sentido aqui)
- O IGP-M é usado desde os anos 1940, enquanto o IPCA começou a ser calculado em 1980.
- Durante a pandemia, o IGP-M explodiu, passando de 20% ao ano, enquanto o IPCA subiu bem menos.
- Alguns contratos já permitem escolher qual índice usar, dependendo da negociação entre as partes.
No fim das contas, entender faz diferença
Saber o que é IPCA e IGP-M ajuda você a não ser pego de surpresa em reajustes e a entender melhor os noticiários econômicos.
Pode parecer coisa de economista, mas esses índices estão mais próximos da sua rotina do que você imagina.
Se você já se perguntou “por que tudo está mais caro?” ou “por que meu aluguel aumentou tanto?”, agora tem uma resposta mais clara.
E se quiser continuar a conversa ou compartilhar este conteúdo com alguém que vive reclamando do preço das coisas, fica à vontade!